domingo, 15 de maio de 2011

Ausência


Domingo. Dia meio nublado. Na verdade tempestuoso aqui dentro.
Mais um dia de ausência.
Apenas ecos de sentidos tortos se voltam para mim.
A alma sempre se engana, e o coração sempre cúmplice.
Retrocedi ao que eu há tempos tinha construído...
A distância amarga sim. Aparta alguns sentimentos bons e esperanças de que tudo pode sim mudar.
E sabe, também se cansa de acreditar!
Eu pensei que não seria mais ingênua, mas sempre caio nas ciladas que eu mesma construí, embora sem perceber.
E não há sentidos.
Eu deveria sempre escrever a minha história à lápis, é mais fácil pra apagar, pra esquecer...
Eu sempre insisti em ser inteira, em ressaltar os meus sentimentos.
Mas quando prevalece a ausência, tudo o que se quer é deletar o que guardamos bem dentro.
É sentir raiva da saudade que tanto nos angustia, para quê? Apenas pra tomarmos o nosso próprio fel e engolir à seco as lágrimas, e sentir que o horizonte é ainda mais longe do que caminhamos...
Mas sabe o que é o pior?
Ninguém sabe o que você sente, e te apedreja com tantos discursos moralistas, e você sempre é o errado da história.
Nessas horas você é o egoísta, o precipitado, o dissimulado, e milhares de outras adjetivações...
Ninguém conta as suas lágrimas, calcula os seus esforços, tampouco as horas em que te deixaram apenas um vazio profundo, onde você se sentiu de lado, esquecido e isolado de tudo que um dia te prometeram vãmente.
Depois de tudo isso, você junta os seus próprios cacos que estão espalhados no chão, e tenta se levantar sangrando...
E a tetricidade demora pra partir... Ela te abraça tão forte que chega até te confortar, pois aconteceu MAIS UMA VEZ!
E a vida segue.
Nomeia quem sente demasiadamente, ou quem é  dono da verdade...
Eu ainda descubro um cantinho meu, onde meu coração se aconchegue, onde meus sentimentos possam ficar em paz, longínquos de toda transgressão de quem ama, mas vive na eterna ausência...

(Naná)




(15 de maio de 2011)

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