quarta-feira, 23 de maio de 2012

".. Eis-me aqui... Mais uma vez, no meu diário consecutivo de ilusões.."



Eu sabia! Eu sabia! Eu sempre sei dessa tal suscetibilidade que me acomete!
Os sintomas não enganam, e o prognóstico é preciso: arritmia cardíaca, mãos a trepidar, um frio que sobe do dedão do pé até na nuca, um nó no estômago inexplicável, e a maldita insônia de mãos dadas.... tudo isso está mais para uma bomba relógio prestes a explodir na alma do que sentidos mesmo!
É, eu sabia! Eu sempre sei!
Eu sabia que o seu cheiro ia calar em mim e eu não ia querer me despir dele tão cedo...
E o teu abraço ia me sequestrar, sequestrar a minha subjetividade.... 
E os teus beijos iam me entorpecer, me deixar em coma alcoólico.
Sabia que eu ia sucumbir, me enfraquecer, e o meu coração ia cair de joelhos diante de ti, mesmo estando sob o salto mais alto, e me afigurando a "mulher segura, inteligente e inatingível".
Ah, a gente sempre sabe, mas descobre sempre com a dor!
Mas porque é sempre com a dor que cai a ficha? Ela deveria chegar com uma placa beem gigante de "Páre" pra abrir o desfile, beem antes da fanfarra sentimental chegar.
É sempre com a dor que a gente vê que desaprendeu tudo novamente, e que caímos novamente na rede, feito peixes, querendo voar alto pra esquivar-se, mesmo sabendo que não temos asas.
E depois? Depois é como se o cérebro apertasse o botão do "Zoom" das lembranças, que se multiplicam em sua mente, e você começa a endoidecer pela presença da ausência. E de repente os ares congelam, eis que o prognóstico cumpre-se: deprê à vista!
Engraçado esse "masoquismo" que me vitupera na maior cara-de-pau... é um sabor amargo, uma dose de fel doce que aniquila aos poucos as perspectivas de cura.
... E eu sabia, eu sempre sei!
Sei das noites sem dormir, das lágrimas inutilizadas, do excesso de esforço que o coração faz pra não se culpar mais uma vez por ser um tremendo idiota, e das palavras em vão, sem as quais eu não sobreviveria, sem dar vida pelo menos ao papel do que me frustra.
... Mas ainda não sei qual o problema em encontrar sempre a pessoa certa, mas ser a pessoa errada.
... Acho que eu penso demais, sinto demais, tudo em demasia.
... Vou arrumar uma caixa beem grande e colorida e depositar todos os dias o que sinto, vai pesar menos, mas as lembranças estarão bem embaladas....
Vou arrumar as malas, segurar bem as pontas e não acreditar mais em possibilidades... porque eu sempre acho que sou legal, mas as coisas nem sempre são como pensamos. Esses meus achismos também são ruins! 
Bom mesmo é ficar horas em frente ao espelho tentando se desvendar, vendo se sobrou algum brilho, ou se tem algo oculto que eu preciso saber, porque tudo o que eu vivi sempre foi previsto... acho que sou boa em adivinhações, e por me conhecer tanto, tenho medo de mim mesma, medo desse casulo desgracioso nunca "desabrochar" a borboleta.


Mais uma vez drogada pela lugubridade, pela insegurança que corre nas veias como veneno que quer me tirar o ar, a constância e a volição de prosseguir.


Mais uma noite, mais uma madrugada jogando minha identidade pelas palavras, sem me orgulhar da pessoa que sou, e das coisas que sinto.
Ao menos está escuro lá fora, acho que as coisas aqui dentro não são tão visíveis como na luz do dia, que cerra os meus olhos, e fecham o meu semblante, porque o dia não tem  graça depois que vc deixa escapar o encanto por entre os dedos.




Mas ainda estou no combate, ainda meu coração bate... e eu não quero te tirar daqui de dentro por mais que seja essa porcaria de masoquismo.... Ao menos quando lembro do teu semblante eu sorrio, mesmo estando só, e mesmo me achando insana, por pensar coisas tão absurdas que não se concretizarão. Ilusões às vezes servem como pilares....




Não quero que ninguém me compreenda, mas ao menos que me permitam sentir mesmo calada, mesmo que eu saiba que estou apunhalando as minhas próprias costas....






(Naná)






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